Os espaços de coworking cresceram no Brasil nos últimos anos e têm ganhado cada vez mais adeptos. Normalmente associados a startups, freelancers e áreas como tecnologia e marketing digital, hoje esses espaços atraem também outros tipos de profissionais.
"O coworking era muito voltado para startups. Hoje, com o agravamento da crise, profissões mais tradicionais, como engenheiros e contadores, estão migrando para escritórios compartilhados", conta Bruna Lofego, especialista em coworking e criadora da CWK.
Um dos principais motivos para essa mudança é a diminuição dos gastos. Utilizando um espaço de coworking, paga-se de acordo com a quantidade de horas e estações de trabalho que o profissional ou empresa irá utilizar. Salas privativas e serviços adicionais podem ou não ser contratados, e gastos como aluguel, impostos, água, luz e internet já estão inclusos.
"Esses espaços visam reduzir o custo para os empresários e muitas vezes acabam agregando valor ao negócio, com boa localização, cafés e restaurantes", explica Fabrício Barreto, gestor de projetos do Sebrae. Para ele, os coworkings são uma boa solução para profissionais liberais e até empresas que já têm espaço próprio e querem cortar gastos.
Essa possibilidade atraiu a escola de idiomas Conecta, que tinha salas comerciais que geravam muitos gastos. A escola trabalha com a venda de pacotes de horas, oferecendo aulas em horários e locais flexíveis, de acordo com a demanda dos clientes, e os escritórios fixos acabavam sendo pouco utilizados. A escola fez parceria com a Rede Mais, rede de coworking de Aracaju, e a trouxe para Salvador utilizando suas salas. Isso diminuiu os gastos da empresa em 60%.
Baixo custo atraiu Silveira, da Contribute Contadores Associados (Foto: Mila Cordeiro | Ag. A TARDE)
Mas o maior benefício foi o networking: "Nossas finanças e marketing são feitos por outras empresas do coworking, e em troca oferecemos aulas", conta Jaime Cordova, sócio da Conecta. O networking também ajuda a oferecer vantagens para os clientes: "Muitos alunos fazem intercâmbio, e hoje temos convênio com duas agências de seguros de viagem", explica Jaime.
O baixo custo e a flexibilidade atraíram a Contribute Contadores Associados. A empresa começou pequena, na casa dos sócios, e migrou para os escritórios compartilhados há três anos. Hoje, já tem 8 funcionários. Para Thales Silveira, sócio da empresa, o espaço só agrega à proposta da empresa: "Somos de um ramo com estigma conservador, mas temos uma proposta mais moderna. A maioria dos clientes gosta bastante do espaço".
Dividindo o espaço
Estar em um coworking muitas vezes é precisar compartilhar materiais e lidar com a movimentação de outras empresas. "É preciso ter uma filosofia de cooperativismo. Se você se irrita com qualquer barulho ao seu lado talvez esse ambiente não seja para você", explica Bruna.
Porém, para quem sofre com interferências externas, é possível contratar salas privativas. Esta foi uma medida tomada pela Contribute, no coworking. "Precisamos de mais privacidade, nos dias mais cheios tinha muito barulho. Mas ainda saímos e interagimos", conta Thales.
Mas mesmo com o desafio de se trabalhar com pessoas de áreas diferentes, estar em um ambiente compartilhado pode ser estimulador. "Vejo pessoas procurando fazer algo diferenciado e melhorando. A diversidade de culturas também é bem legal", diz Thales.
Jaime completa: "Onde trabalho toda vez que alguém fecha um negócio ela toca um sino, e todos se levantam e aplaudem. Isso é muito inspirador", conta.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló